Na escola de educação infantil que trabalho com Projeto Diversidade, como já devo ter
comentado anteriormente. Após diversas leituras para a Interdisciplina Questões
Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História fica cada dia mais claro meu
papel junto ás crianças e as educadoras: através de vivências, rodas de
conversas e leituras, identificar as
potencialidades da intervenção educativa no sentido de favorecer uma educação também
em gênero. Sensibilizar os educadores e refletir buscando a superação do
preconceito e discriminação em relação às desigualdades de gênero e as formas
naturalizadas de lidar com questões de gênero e sexualidade.
Esta escrita
se deve a última vivência que tivemos na escola durante festa da diversidade e
suas consequências.
Entre as
atrações artísticas tivemos uma Drag Queem¹.
Uma apresentação artística. No caso uma
pessoa do sexo masculino que criou um personagem feminino assemelhando-se a uma
boneca.
Não foi
trabalhado na festa ou anteriormente em sala de aula, questões referentes a
opção ou orientação sexual. Trabalhamos a diversidade e o respeito a ela. Com
todas as suas nuances em gênero, étnico-racial, pessoas com deficiências, etc. A
festa foi um reflexo de todas as nossas investidas nesta área. Todos e todas
foram bem-vindos e bem-vindas. A escola mostrou-se aberta e inclusiva. Mas
recebemos uma nota da secretaria municipal questionando o nosso artista.
Poderíamos ter
convidado um palhaço que se vestisse de mulher.
Poderíamos ter convidado um corpo de baile em que meninas fizessem o
papel do bailarino masculino por falta de bailarinos do sexo masculino. Alguém
questionaria a orientação sexual do artista? Não. Porque entendem que se trata de um artista e respeitam
seu trabalho. Da mesma forma, queremos que se respeite mais esta forma de
manifestação artística. Ou devemos respeitar somente algumas pessoas da nossa
vasta diversidade? Escolheremos uns em detrimento de outros? Isso não seria
discriminar? O respeito só pode existir quando conheço o diferente. Na
convivência.
CRESCÊNCIO, Cintia Lima, SILVA, Janine Gomes, BRISTOT, Lídia Schneider (org) - Histórias de Gênero. Edições Verona. São Paulo-SP, 2017.
AQUINO, Julio Groppa (Coord), Amaral, Ligia Assumpção. Sobre crocodilos e Avestruzes:falando dediferenças, preconceitos e sua superação/Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas práticas Summus, São Paulos,1998.
[1] Chama-se
drag queen a pessoa que se veste com roupas exageradas femininas estilizadas e
drag king a pessoa que se veste como homem. A transformação em drag queen (ou
king) geralmente envolve, por parte do artista, a criação de um personagem
caracteristicamente cômico e/ou exagerado(...)Tanto drag queens como drag kings
podem ter qualquer gênero e orientação sexual, e sê-lo não é indicativo de se
ser homossexual, assexual, bissexual ou heterossexual. (Wikipédia)
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