Falar do preconceito que temos com pessoas deficientes é
também um preconceito.. As barreiras atitudinais que criamos diante destas
pessoas por desconhecimento, pela falta do convívio ou por uma predisposição
perceptual, nos impedem de enxergar o deficiente como um cidadão de direitos. Negamos
o reconhecimento do outro como significativamente diferente, pois não entramos
em contato com essa diferença ou com o sentimento que ela nos provoca.
Repetimos essas atitudes
também nas nossas escolas, diante de uma criança com diferença significativa,
produzimos estigmas intransponíveis em que a deficiência se torna um fenômeno
global. Criamos mitos, estigmas, generalizações e muitas vezes culpabilizamos a vítima.
Se nós não conseguimos lidar com a diferença, o questionamento
que se deve fazer é: “Quem são os verdadeiros deficientes”? Se o mundo fosse
adequado a eles, como viveríamos neste mundo?
Seríamos todos deficientes em relação a eles, por estar em desvantagem?
Seríamos capazes de nos adaptar ou precisaríamos de maior atenção e melhores
condições de vivenciar os nossos direitos como cidadãos.
É desta forma que o
texto de Amaral nos provoca a reflexão, pensarmos a deficiência ou a diferença
significativa como uma “expressão da diversidade da natureza e da condição
humana”. Pensar que cada indivíduo tem
suas características e peculiaridades que o define. Mudar os parâmetros
relacionais de padrão ideal. Redefinir as interações, possibilitando uma ponte
segura que propicie os encontros sem preconceitos, estereótipos e estigmas.
AQUINO,
Júlio Groppa (org), AMARAL, Lígia Assumpção. Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e políticas/Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos
e sua superação. – São Paulo: Summus, 1998
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