Revendo minhas postagens de
tarefas no Moodle, no Blogger e relendo alguns textos, me chama a atenção de quantas
mudanças ocorreram em pouco tempo na minha escola. O orgulho de poder exercer minha
docência em uma escola de educação infantil cujo perfil vinha evoluindo para
uma escola cada dia mais democrática, diversa e inclusiva, está claramente
denunciado nas minhas escritas. A escola permanece com uma equipe diretiva que valoriza
a diversidade, a autonomia, a criatividade e a coletividade na qual era
ancorada por uma gestão qualificada que primava pelas formações e dinâmicas dos
procedimentos em construir coletivamente a Base Municipal Comum Curricular que
cito em uma das minhas postagens.
Mas, como no trecho retirado do
texto de apresentação da interdisciplina Escola, Cultura e Sociedade,
introduzido pelas professoras Cláudia e Silvana “a escola como um lugar
privilegiado para educar, não é o único onde se constrói cultura e onde a
sociedade se faz presente”. E as mudanças aconteceram com a rapidez dos novos
tempos. Vivemos um momento, e acredito com todas as minhas forças, que seja
somente um momento, de retrocesso das ideias; da volta ao moralismo e falso moralismo
político; do reforço aos preconceitos estruturantes; da valorização da família
tradicional, pai, mãe e filhos, como única forma aceitável e respeitável.
Dogmas religiosos e ideológicos seduzindo a população de tal forma que é impossível
não perceber tais mudanças na escola, onde alguns comportamentos antes aceitáveis,
agora são questionados e por vezes “condenados”. A crítica não é mais usada
para reflexão. Infelizmente, a escola é a primeira a ser atingida pelos
retrocessos de uma sociedade.
O trabalho de um professor que pretenda ser
reflexivo e democrático, passa a ser uma luta diária, para manter a concepção
de educação cidadã e o foco na "escola que queremos". Talvez agora
entendamos como foi a luta de Paulo Freire e devemos cada vez mais lê-lo para entender
quando disse “ não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no
trabalho, na ação-reflexão”.
Neste período de estágio que se
segue, será de grandes reflexões e desafios na leitura deste (novo) mundo. O dar
sentido ao nosso estar no mundo, acreditando no potencial das nossas ações como
educadoras e educadores, resistir, avaliar e prosseguir. Novamente citando
Freire:
A questão que se coloca a nós é
lutar em favor da compreensão e da prática da avaliação enquanto instrumento de
apreciação do que fazer de sujeitos críticos a serviço, por isso mesmo, da libertação
e não da domesticação.(2013, p.114)
CUNHA, Jorge Luiz e MISSIO, Luciani. Um olhar sobre a
educação moderna no séc. XXI. Trabalho desenvolvido no Núcleo de Estudos sobre
Educação e Memória. CLIO/CE/UFSM, s/d.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
pratica educativa. Paz e Terra, 45º ed – Rio de Janeiro, 2013.
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