sexta-feira, 12 de abril de 2019

Reflexões em 2019


Revendo minhas postagens de tarefas no Moodle, no Blogger e relendo alguns textos, me chama a atenção de quantas mudanças ocorreram em pouco tempo na minha escola. O orgulho de poder exercer minha docência em uma escola de educação infantil cujo perfil vinha evoluindo para uma escola cada dia mais democrática, diversa e inclusiva, está claramente denunciado nas minhas escritas. A escola permanece com uma equipe diretiva que valoriza a diversidade, a autonomia, a criatividade e a coletividade na qual era ancorada por uma gestão qualificada que primava pelas formações e dinâmicas dos procedimentos em construir coletivamente a Base Municipal Comum Curricular que cito em uma das minhas postagens.
Mas, como no trecho retirado do texto de apresentação da interdisciplina Escola, Cultura e Sociedade, introduzido pelas professoras Cláudia e Silvana “a escola como um lugar privilegiado para educar, não é o único onde se constrói cultura e onde a sociedade se faz presente”. E as mudanças aconteceram com a rapidez dos novos tempos. Vivemos um momento, e acredito com todas as minhas forças, que seja somente um momento, de retrocesso das ideias; da volta ao moralismo e falso moralismo político; do reforço aos preconceitos estruturantes; da valorização da família tradicional, pai, mãe e filhos, como única forma aceitável e respeitável. Dogmas religiosos e ideológicos seduzindo a população de tal forma que é impossível não perceber tais mudanças na escola, onde alguns comportamentos antes aceitáveis, agora são questionados e por vezes “condenados”. A crítica não é mais usada para reflexão. Infelizmente, a escola é a primeira a ser atingida pelos retrocessos de uma sociedade.
O trabalho de um professor  que pretenda ser  reflexivo e democrático, passa a ser uma luta diária, para manter a concepção de educação cidadã e o foco na "escola que queremos". Talvez agora entendamos como foi a luta de Paulo Freire e devemos cada vez mais lê-lo para entender quando disse “ não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”.  
Neste período de estágio que se segue, será de grandes reflexões e desafios na leitura deste (novo) mundo. O dar sentido ao nosso estar no mundo, acreditando no potencial das nossas ações como educadoras e educadores, resistir, avaliar e prosseguir. Novamente citando Freire:

A questão que se coloca a nós é lutar em favor da compreensão e da prática da avaliação enquanto instrumento de apreciação do que fazer de sujeitos críticos a serviço, por isso mesmo, da libertação e não da domesticação.(2013, p.114)



CUNHA, Jorge Luiz e MISSIO, Luciani. Um olhar sobre a educação moderna no séc. XXI. Trabalho desenvolvido no Núcleo de Estudos sobre Educação e Memória. CLIO/CE/UFSM, s/d.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. Paz e Terra, 45º ed – Rio de Janeiro, 2013.