quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

ESCOLAS DEMOCRÁTICAS - NOVOS TEMPOS



A inclusão escolar envolve, basicamente, uma mudança de atitude face ao Outro: que não é mais um, um indivíduo qualquer, com o qual topamos simplesmente na nossa existência e com o qual convivemos um certo tempo, maior ou menor de nossas vidas. O Outro, é alguém que é essencial para a nossa constituição como pessoa e dessa Alteridade é que subsistimos, e é de lá que emana a Justiça, a garantia da vida compartilhada. (MONTOAN, 2009, p.03)

     Dei início a essa reflexão com uma citação que utilizei em uma postagem no dia 19 de outubro de 2016 (https://nanciba.blogspot.com/2016/10/escola-inclusiva-e-democratica.html), e continuo reafirmando que só existirão escolas democráticas se nós cidadãos comuns e também professorxs de escolas públicas adotarmos mudanças atitudinais perante o outro. E como pensar estas mudanças? Debatendo as formas de fazê-la de maneira que seja realmente democrática. A escola em que trabalho pensou essas mudanças, modernizou-se em relação as estruturas, nas formas de avaliar e nas abordagens. Mas fica uma pergunta: Realmente mudamos nossas atitudes? Principalmente com aqueles chamados desajustados, houve alteridade?
     As especificidades são muitas e aumentam a cada dia. A sociedade tem nos cobrado uma demanda muito grande em relação à diversidade, mas o que vejo brotar dentro das escolas, neste último ano, é um crescente discurso inflamado de volta aos velhos costumes disciplinares e até militarizado, para “combater” à essa demanda diversa de comportamentos e modos de ser. Ou seja, existe uma grande parte da comunidade escolar que endureceu o seu modo de pensar, certamente uma leitura  de mundo errônea ideologicamente. Quando em 2016, afirmei que era preciso priorizar e aprimorar a formação docente, vejo o contrário se afirmando dentro da escola com desmandos e intolerâncias, juntamente com uma desqualificação do corpo docente e demais pessoas que lidam com estes alunos decorrentes das novas formas de administração do poder público, que terceiriza o seu maior patrimônio que é o de educar e o do educador.
     Se tínhamos um caminho tortuoso a percorrer em 2016, e sim, estávamos galgando lentamente ganhos em prol de uma educação mais democrática, através do diálogo com a comunidade, do acolhimento, do compromisso, da apropriação de nossas vidas nos direitos de crescer, ser e estar, este se tornou impetuoso e antagonista. Perdemos direitos e nos tiram a autonomia, subjulgam as diferenças e nos dizem o que ensinar e aprender.
    Nos resta a alteridade. Nos resta obedecer a nossa vocação e motivação. Nos resta a reflexão e a criatividade.









  

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