A inclusão escolar envolve,
basicamente, uma mudança de atitude face ao Outro: que não é mais um, um
indivíduo qualquer, com o qual topamos simplesmente na nossa existência e com o
qual convivemos um certo tempo, maior ou menor de nossas vidas. O Outro, é alguém
que é essencial para a nossa constituição como pessoa e dessa Alteridade é que
subsistimos, e é de lá que emana a Justiça, a garantia da vida compartilhada.
(MONTOAN, 2009, p.03)
Dei início a essa
reflexão com uma citação que utilizei em uma postagem no dia 19 de outubro de
2016 (https://nanciba.blogspot.com/2016/10/escola-inclusiva-e-democratica.html),
e continuo reafirmando que só existirão escolas democráticas se nós cidadãos
comuns e também professorxs de escolas públicas adotarmos mudanças atitudinais
perante o outro. E como pensar estas mudanças? Debatendo as formas de fazê-la
de maneira que seja realmente democrática. A escola em que trabalho pensou
essas mudanças, modernizou-se em relação as estruturas, nas formas de avaliar e
nas abordagens. Mas fica uma pergunta: Realmente mudamos nossas atitudes? Principalmente
com aqueles chamados desajustados, houve alteridade?
As
especificidades são muitas e aumentam a cada dia. A sociedade tem nos cobrado
uma demanda muito grande em relação à diversidade, mas o que vejo brotar dentro
das escolas, neste último ano, é um crescente discurso inflamado de volta aos
velhos costumes disciplinares e até militarizado, para “combater” à essa demanda
diversa de comportamentos e modos de ser. Ou seja, existe uma grande parte da
comunidade escolar que endureceu o seu modo de pensar, certamente uma leitura de mundo errônea ideologicamente. Quando em
2016, afirmei que era preciso priorizar e aprimorar a formação docente, vejo o
contrário se afirmando dentro da escola com desmandos e intolerâncias, juntamente
com uma desqualificação do corpo docente e demais pessoas que lidam com estes
alunos decorrentes das novas formas de administração do poder público, que
terceiriza o seu maior patrimônio que é o de educar e o do educador.
Se tínhamos um
caminho tortuoso a percorrer em 2016, e sim, estávamos galgando lentamente
ganhos em prol de uma educação mais democrática, através do diálogo com a
comunidade, do acolhimento, do compromisso, da apropriação de nossas vidas nos
direitos de crescer, ser e estar, este se tornou impetuoso e antagonista.
Perdemos direitos e nos tiram a autonomia, subjulgam as diferenças e nos dizem
o que ensinar e aprender.
Nos resta a alteridade.
Nos resta obedecer a nossa vocação e motivação. Nos resta a reflexão e a
criatividade.
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