quarta-feira, 4 de julho de 2018

ANÁLISE REFLEXIVA DE PRÁTICA SALA DE AULA

Análise proposta pela professora Aline da interdisciplina Linguagem e Educação. O trabalho foi realizado em grupo sobre três abordagens das professoras e colegas do PEAD, eu Nanci, Marina  e Cláudia. Chamo a atenção para a contação da história da Lenda do Guaraná que foi escolhida por mim  e pela Marina, mas abordadas de forma totalmente diferente, marcando o "jeito" de cada professora e a forma que cada turma recebeu e interpretou a história. As duas turmas de jardim, mas de contextos totalmente diferentes. Eu que trabalho com Projeto Diversidade abordando aspectos da diversidade humana, através do conhecimento das diversas etnias, de suas culturas e relações com o mundo natural. E para abordar questões relacionadas ao índio, visitamos uma escola da comunidade indígena kaingangue como disparador da temática.Marina utiliza a história da lenda na semana literária de sua escola, e a personagem Emília é quem aparece na hora do conto. Tanto no jardim da professora Marina quanto no Jardim  da professora  Nanci,  foram contadas outras histórias com a mesma temática e outras atividades de campo envolveram os alunos.  Na análise feita em grupo chegamos a conclusão que a aquisição de novos elementos para a compreensão do que é ouvido, dito e visto nas histórias, livros, filmes ou passeios foram extremamente importantes para o desenvolvimento da linguagem. Nas experiências e nas diferentes vivências das descobertas, no aumento do vocabulário, na interação com os colegas e com o diferente, no compartilhamento das dúvidas e das próprias aprendizagens.


Referências
MONTOYA, Adrián Oscar Dongo. Pensamento e Linguagem: Percurso Piagetiano de investigação. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 119-127, jan./abr. 2006.
UNIVESP - Lev Vigotski - Desenvolvimento da linguagem. Programa disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_BZtQf5NcvE



TEORIAS DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

Resolvi postar aqui um quadro de análise e comparação feitos em grupo para a interdisciplina Linguagem e Educação deste VII Eixo do PEAD, por ter sido avaliado com elogios pela professora. Acredito que seja importante manter visível aos interessados. Neste quadro mostramos as semelhanças e diferenças entre os 3 teóricos mais importantes para entendimento da construção do conhecimento e aquisição da linguagem.


TEORIA EM RELAÇÃO A LINGUAGEM
SEMELHANÇAS
DIFERENÇAS













EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE PIAGET

Para Piaget o desenvolvimento cognitivo depende da maturação biológica numa sucessão de estágios.
O desenvolvimento linguístico só acontece após determinada etapa do desenvolvimento cognitivo.
Piaget afirma que, para a criança adquirir pensamento e linguagem, deve passar por várias fases do desenvolvimento psicológico, partindo do individual para o social.
Segundo ele, o falante passa por pensamento autístico, fala egocêntrica para atingir o pensamento lógico, sendo o egocentrismo o elo das operações lógicas da criança. No processo de egocentrismo, a criança vê o mundo a partir da perspectiva pessoal, assimilando tudo para si e ao seu próprio ponto de vista, estando o pensamento e a linguagem centrados na criança.
O desenvolvimento mental dá-se espontaneamente a partir de suas potencialidades e de sua interação com o meio. O processo de desenvolvimento mental é lento, ocorre por meio de graduações sucessivas através de estágios, são eles: período sensório-motor, período pré-operatório, operatório concreto e formal.
A construção do conhecimento (equilibração) como resultado da relação (assimilação/acomodação), ou seja, relação entre sujeito e objeto= adaptação.


Interacionistas e construtivista.
Relação dialética entre pensamento e linguagem
Estágios de desenvolvimento
Conhecimento se dá a partir do sujeito e sua ação no mundo.
Fala egocêntrica

A construção do conhecimento é adquirida a partir da linguagem.
A evolução do conhecimento se dá de forma linear, o sujeito atua sobre o meio.
O desenvolvimento parte do individual para o social.


INTERACIONISMO SIMBÓLICO DE VYGOTSKY

Para Vygotsky, a criança nasce num meio social, (família), nela que se estabelecem as primeiras relações com a linguagem na interação com o outro.
Nas interações cotidianas, a mediação com o adulto acontece espontaneamente no processo de utilização da linguagem, no contexto das situações mediadas. O homem se produz na e pela linguagem.
Antes dos dois anos de idade cognição e linguagem caminham em separados, ele chama de inteligência prática, fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem. Aos dois anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual, generalizante, com função simbólica, e o pensamento torna-se verbal, sempre mediado por significados fornecidos pela linguagem. O pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala social, passando pela fala egocêntrica, atingindo a fala interior que é pensamento reflexivo (auto-reguladora).

Interacionista e construtivista
Relação dialética entre pensamento e linguagem
Psicólogo
Fala egocêntrica
Desenvolvimento conflitante
Para Vygotsky desenvolvimento cognitivo depende das trocas mediadas entre sujeito e meio social. Diferentes conhecimentos coexistem, não são substituídos. Sujeito se relaciona com o meio. Há uma mediação entre sujeito-meio. A criança é o sujeito no processo de aquisição da linguagem. O sujeito desenvolve a linguagem desde o nascimento.
ZPD.
O desenvolvimento caminha do meio social para o individual.





MEMÓRIA DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

Em atividade proposta pela interdisciplina Educação e Tecnologias da Comunicação e Informação construímos em grupo uma linha de tempo que refletia as nossas memórias tecnológicas nos espaços escolares que passamos tanto como alunos como professores e educadores. Analisando as linhas de tempo de cada uma das componentes do grupo, verificamos que algumas tecnologias se repetiam, como o giz, o quadro verde, o lápis, o caderno e a borracha e que foram relacionadas como muito importantes em relação ao contexto educacional vivido por cada uma. O que chama a atenção é que o grupo tem componentes com idades diferentes e distantes, portanto essas tecnologias foram utilizadas em épocas também diferentes, mas no mesmo período escolar e com a mesma intencionalidade pedagógica: escrever, copiar, preencher lacunas, pintar, seguir traços, etc. As tecnologias foram avançando, mas o uso das primeiras permanece até hoje, talvez com alguma intencionalidade diferenciada. A entrada da informática nas escolas e o uso de outras tecnologias similares foram tomando espaço nos bancos escolares e substituindo as tecnologias lá de trás dos primeiros anos iniciais, mas não substituindo por completo, pois vemos até hoje estes materiais sendo utilizados em turmas de primeiros anos como único recurso tecnológico de aprendizagem. As mais modernas tecnologias estão presentes no dia a dia da maioria dos estudantes, mas não são bem aproveitados nas escolas, tão pouco seu uso enquanto técnica de aprendizagem, onde a intencionalidade pedagógica em organizar as aulas de maneira consciente, planejada, criativa seja capaz de produzir um efeito positivo na aprendizagem do aluno. Espero saber aproveitar ao máximo todo o aprendizado que tivemos nesta e outras interdisciplinas para a realização do estágio curricular no próximo semestre. Que se possa usar as tecnologias disponíveis de forma a incluir o aluno, abrindo novas possibilidades de construção de conhecimento.

CENTROs DE INTERESSE


Estratégia criada pelo médico belga Ovide Decroly (1871 – 1932), foi o princípio da globalização, baseia-se na ideia de que as crianças aprendem o mundo com base em um todo. Preferia os trabalhos em grupos, para ele, a escola deveria preparar para o convívio em sociedade.  Trabalha com elementos reais, saídos do dia-a-dia, lembrando Comênio, o pai da didática que acreditava no realismo do ensino e sugeri que os alunos façam suas próprias experiências, daquilo que os alunos observam nos seus cotidianos, que já experimentaram ou investigaram. A marca principal da escola de Decroly são os centros de interesse onde os alunos escolhem o que querem trabalhar. Os quatro elementos que integram os centros de interesse são: de alimentação; de luta contra as intempéries; de agir, trabalhar solidariamente, descansar, divertir-se, desenvolver-se; de defesa contra perigos e inimigos. A observação direta ou indireta, examinando imagens, os alunos a fim de levantar dados das situações da realidade pesquisada e de interesse podem fazer associações análises, a fim de construir conceitos e  realizar várias aprendizagens. Durante as atividades de observação e de associação, as expressões verbais, plásticas e gestuais de toda ordem devem ser estimuladas pelo professor e aos alunos devem ser dadas todas as oportunidades de expressão, principalmente por meio da linguagem oral e escrita.

Uma Reflexão sobre a alfabetização


Comênio foi o pai da Didática, de origem checa, viveu exilado, foi pastor, bispo e professor de Latim. Um defensor da vida simples, igualitária. Acreditava na educação para todos de forma geral e pregava que o "objetivo geral da educação era a preparação para a vida eterna". Desenvolveu um sistema para ensinar língua estrangeira e escreveu vários livros, entre eles "A Didática Magna" em 1657, nele faz reflexões e sugestões sobre o ensino; sobre o cotidiano escolar e sobre o comportamento dos professores com os alunos. No primeiro livro didático para a alfabetização o "Orbis Sensualin Pictus", apresenta gravuras, frases simples, sons e letras.  Nas imagens do Orbis reproduzidas pelo curso do PEAD para visualização, pode-se comparar o livro de Comênio à cartilha que foi muito utilizada em nossas escolas para a alfabetização, mas a diferença esta quando sugere que os alunos façam suas próprias experiências, acreditava no realismo do ensino. Daquilo que eles observam nos seus cotidianos, que já experimentaram ou investigaram lembrando Freire e a alfabetização de Adultos. Imagino que através destes relatos experimentados pelos alunos que a aula se complementava junto ao livro.
O cotidiano de trabalho que hoje enfrento, é da escola infantil, onde alterno meus dias entre as turmas de berçário até os jardins. Entre os elementos pedagógicos que Comênio coloca como relevantes posso afirmar que também estão entre as propostas pedagógicas que o PPP de nossa escola elaborou para entrar em vigor ainda este ano. Baseado numa proposta de pedagogia relacional e vigotskiana, posso citar como exemplo as preocupações que Comênio tinha na relação professor /aluno, assim como também fala da importância em “animar os alunos a ensinarem uns aos outro”. Como trabalho com crianças pequenas e bem pequenas, costumo alternar músicas e exercícios de relaxamento, obtenho com isso maior concentração e melhor desempenho nas rodas de conversa e observação das propostas de trabalho. O ambiente é sempre propício à pesquisa, à curiosidade e experimentação através de materiais diversos do conhecimento deles ou não. Materiais que proporcionem descobertas de suas funções, de suas origens, etc. Acredito sempre na capacidade de aprender de todos e todas, mas com respeito a suas histórias de vida, suas necessidades e motivações.