domingo, 10 de dezembro de 2017

RESPINGOS DA ENQUETE



A enquete que elaborei pretendia avaliar se as pessoas acreditam que existam diferenças na aprendizagem de crianças de etnias diferente e principalmente das  afrodescendentes e africanas em relação a crianças brancas.  Os colaboradores não afirmam essa diferença, mas sim o preconceito existente nas escolas em relação a essas crianças, que historicamente apresentam situações socioeconômicas em desvantagem, comparadas às crianças brancas. Seus professores, na maioria de étnia branca, deixam de lado a dedicação necessária para que estas crianças sintam-se em posição de igualdade e consigam atingir os mesmos desempenhos dos seus colegas. Diferenças no desenvolvimento cognitivo de crianças de raças/etnias diferentes e especialmente as afrodescentes, não são confirmadas e ao analisar a primeira questão que foi perguntada se "toda a criança é capaz de aprender", a resposta foi 100% positiva.
 Identifico desta forma que as pessoas acreditam no potencial das crianças indiferente de quem são, como são, de onde vêm. Nos estudos de Emília Ferreiro sobre Alfabetização entende-se que a aquisição da escrita esta apoiada em pressupostos da psicogenética desenvolvida por Piaget que explica a construção do conhecimento por estádios que se sucedem em complexidade. Sabendo também, que as crianças aprendem de diferentes formas e tempos e existem muitos fatores que interferem neste processo. São eles: os aspectos sociológicos, funcionais, estruturais, neuronais e psicogenéticos. Além é claro de que a criança precisa sentir prazer em estudar, ter motivação.






BARDUCH, Ana Lúcia Jankovici. As concepções de desenvolvimento e aprendizagem na teoria psicogenética de Jean Piaget. Movimento & Percepção, Espírito Santo de Pinhal, SP, v.4, n.4/5, jan./dez. 2004 – ISSN 1679-8678
MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. Epistemologia Genética. In: SARMENTO, Dirléia Fanfa; RAPOPORT, Andrea e FOSSATTI, Paulo (orgs). Psicologia e educação: perspectivas teóricas e implicações educacionais. Canoas: Salles, 2008. p.17-26
Coleção memória da pedagogia, n.5:  Emília Ferreiro: a construção do conhecimento/ editora Manuel da Costa Pinta; (Colaboradores Telma Weisz...et al). Rio de Janeiro: Ediouro; são Paulo: Segmento-Duetto,  2005. Suplemento especial: movimentos de alfabetização.




DEFICIENTES SOMOS TODOS NÓS




Falar do preconceito que temos com pessoas deficientes é também um preconceito.. As barreiras atitudinais que criamos diante destas pessoas por desconhecimento, pela falta do convívio ou por uma predisposição perceptual, nos impedem de enxergar o deficiente como um cidadão de direitos. Negamos o reconhecimento do outro como significativamente diferente, pois não entramos em contato com essa diferença ou com o sentimento que ela nos provoca.
 Repetimos essas atitudes também nas nossas escolas, diante de uma criança com diferença significativa, produzimos estigmas intransponíveis em que a deficiência se torna um fenômeno global. Criamos mitos, estigmas, generalizações e muitas vezes  culpabilizamos a vítima.
Se nós não conseguimos lidar com a diferença, o questionamento que se deve fazer é: “Quem são os verdadeiros deficientes”? Se o mundo fosse adequado a eles, como viveríamos neste mundo?  Seríamos todos deficientes em relação a eles, por estar em desvantagem? Seríamos capazes de nos adaptar ou precisaríamos de maior atenção e melhores condições de vivenciar os nossos direitos como cidadãos. 
É desta forma que o texto de Amaral nos provoca a reflexão, pensarmos a deficiência ou a diferença significativa como uma “expressão da diversidade da natureza e da condição humana”.  Pensar que cada indivíduo tem suas características e peculiaridades que o define. Mudar os parâmetros relacionais de padrão ideal. Redefinir as interações, possibilitando uma ponte segura que propicie os encontros sem preconceitos, estereótipos e estigmas.






AQUINO, Júlio Groppa (org), AMARAL, Lígia Assumpção. Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e políticas/Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação. – São Paulo: Summus, 1998


 

ESCOLA INCLUSIVA




                                         
 Analisando os dados coletados para um dossiê de inclusão sobre uma escola de educação infantil, percebo realidade inclusiva desta escola.
A garantia de acessibilidade a todos os alunos com necessidades especiais esta prevista na nossa constituição de 1988 - democratizações da educação e garantia de atendimento especializado dentro dos estabelecimentos, preferencialmente na escola regular – assim como o ECA reitera a garantia desses direitos. E toda criança com necessidades educativas especiais seja pela deficiência física ou outra necessidade educativa especial tem sua matrícula garantida nesta escola. As crianças chegam sem nenhum atendimento ou aquelas que são atendidas em espaços institucionais segregados, são todas bem vindas, e nota-se que a cada ano migram mais crianças destas instituições apara a escola regular do município, exercendo seus direitos. Desta forma posso concluir que a luta das pessoas com deficiência rendeu muitos frutos, mas ainda é cedo para pensar que a garantia de acesso aos estabelecimentos educacionais regulares são suficientes para a garantia da democratização e equiparação de oportunidades e acesso ao trabalho, única garantia de autonomia destes indivíduos.  Quanto mais pessoas com deficiência, seja ela qual for, tenham acesso e garantia a educação, ao lazer, a cultura e outros, ou seja, tenham evolução cultural, mais garantia de que a luta permanecerá até a verdadeira igualdade.