Inclusão escolar
é entendida pela maioria dos educadores como aquela que inclui o aluno com algum
tipo de deficiência intelectual ou física, quando na verdade é para todos os
alunos que de alguma forma são excluídos ou se sentem excluídos por sua cor de
pele ou etnia, por sua condição social, indisciplina¹, por sua orientação
sexual e para aqueles que tem deficiência intelectual ou física
Pensar a inclusão
escolar sem debater as formas de fazê-la de maneira que seja realmente
democrática, é não incluir. Enquanto a escola mantém suas velhas formas de
ensinar e avaliar, mais alunos excluídos teremos. É preciso modernizar e
estruturar as escolas para essas novas crianças, tão diversas em suas especificidades.
É preciso priorizar e aprimorar a formação docente. Não é mais possível que se
perca alunos pela nossa incapacidade e intolerância na convivência com alunos
“desajustados”, que demandam outras formas de interpelação.
A inclusão escolar envolve,
basicamente, uma mudança de atitude face ao Outro: que não é mais um, um
indivíduo qualquer, com o qual topamos simplesmente na nossa existência e com o
qual convivemos um certo tempo, maior ou menor de nossas vidas. O Outro, é alguém
que é essencial para a nossa constituição como pessoa e dessa Alteridade é que
subsistimos, e é de lá que emana a Justiça, a garantia da vida compartilhada.
(MONTOAN, 2009, p.03)
No artigo intitulado Caminhos pedagógicos
da inclusão, Maria Tereza Eglér Mantoan (2002), defende a ideia que todos os
alunos, não só “o diferente”, mas também o indisciplinado ou com dificuldade de
aprendizado, sejam compreendidos através da convivência e do diálogo e tenham
as mesmas oportunidades no âmbito escolar. Ela argumenta que o aluno não tem que
se adequar a escola, mas sim a escola se adequar ao aluno. Para tanto, a autora
traça caminhos que passam pela transformação geral das escolas focalizando suas
experiências sob três ângulos: os desafios que provoca esse novo paradigma
educacional; as ações para efetivar as transformações e as perspectivas que se abrem
a partir dessas.
O princípio democrático da
educação para todos só se evidencia nos sistemas educacionais que se
especializam em todos os alunos, não apenas em alguns deles, os alunos com
deficiência. A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos
os alunos provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um
motivo a mais para que o ensino se modernize e para que os professores
aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação que implica num esforço de
atualização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas
de nível básico.(MONTOAN, 2002)
Falando sobre os desafios, Maria Tereza Mantoan afirma que é
preciso priorizar a qualidade de ensino na educação básica, o que incluí sem
falta a formação e o comprometimento dos professores e das escolas na renovação
das práticas pedagógicas, assumindo que o fracasso escolar e as dificuldades
dos alunos se devem muito ao sistema educacional.
Entre as ações
citadas pela autora para a transformação do ensino nas escolas, está o
diagnóstico da população escolar, para que de forma autônoma, cada escola possa
elaborar o seu Projeto Político Pedagógico em direção a um currículo inclusivo
e democrático. Outra mudança importante é a descentralização que se deve aos
papéis dos gestores (direção coordenação pedagógica) promovendo uma maior
autonomia e comprometimento de todos os setores.
Montoan
aponta como perspectivas desta nova escola inclusiva e democrática, a formação
de cidadãos mais livre e sem preconceitos que aprenderão o valor e o respeito na
convivência com a diversidade.
Neste
contexto, fica claro o quanto ainda precisamos caminhar para chegar a este
patamar da educação. O quanto precisamos transformar as nossas próprias
concepções sobre educação inclusiva, pois em nossas vivencias na pratica
docente nos deparamos não somente com barreiras físicas e inapropriadas às
condições de incluir o aluno portador de deficiência, como também em barreiras
burocráticas, regramentos e condições de desigualdades de oportunidades que são
oferecidas aos nossos alunos pelas escolas da maneira como ainda são
organizadas. A falta de estímulos e suporte para
que o professor consiga se integrar a esta transformação, contribui para a
ideia de que uma verdadeira escola para todos esteja muito distante. Mas
lutemos para que não fique só no papel.
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¹Segundo La Taille (2001 apud AQUINO, 2003, p.13)
(...) a pessoa disciplinada segue determinadas regras de conduta (...) a pessoa
indisciplinada transgride as leis que deveria seguir. (...) A indisciplina
pode, às vezes, vir em decorrência de bons motivos éticos. Se as regras não
fazem sentido (e há muitas nas escolas) e se derivam de valores suspeitos (como
a subserviência cega à autoridade), a indisciplina pode se justificar
eticamente. (...) indisciplinas que ferem as leis morais (...). Por exemplo, o
insulto, a agressão física, o tratar o professor como se fosse um objeto, não
ouvi-lo, fingindo que não está presente, que não existe
REFERÊNCIAS:
AQUINO, Júlio Gropa.
Indisciplina: O contraponto das escolas democráticas. São Paulo, Moderna, 2003.
– Coleção cotidiano escolar.
MANTOAN, M. T .E. Caminhos
pedagógicos da inclusão. Universidade de Campinas/UNICAMP. Laboratório de
Estudos e Pesquisas em Ensino e Reabilitação de Pessoas com Deficiência -
LEPED/ FE/ Unicamp. 28 nov 2002. Disponível em: <http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=83:caminhos-pedagogicos-da-inclusao&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17>.
Acesso:08 out 2016.